A juventude não dá
Direito a segunda via
Jesus pintou meus cabelos
No final da boemia
Mas na hora de pintar
Esqueceu de perguntar
Qual era a cor que eu queria
Toda a noite quando deito
Um pesadelo me abraça
Meu cabelo que era preto
Está da cor de fumaça
Ficou branco após os trinta
Eu não quis gastar com tinta
O tempo pintou de graça
João Paraibano
Vi o fantasma da seca
Ser transportado numa rede
Vi o açude secando
Com três rachões na parede
E as abelhas no velório
Da flor que morreu de sede.
João Paraibano
UM PE DE JERIMUNZEIRO
QUE A ÁGUA NO TRONCO EMPOSSA
CRIA FORÇA SOLTA FOLHAS
CRESCE TALO O TRONCO ENGROSSA
TRAVESSA A CERCA DO DONO
VAI VINGAR NA OUTRA ROÇA
GRANDE JOÃO PARAIBANBO